segunda-feira, 26 de outubro de 2009

RESENHA MILK - A VOZ DA IGUALDADE

Projeto em Cena: Educar para uma Consciência de Gênero Inclusiva

Ana Paula dos Santos Silva
Universidade Federal da Paraíba
paulinha.ufpb@hotmail.com

Resenha do filme: Milk

Baseado na história real de Harvey Milk, o filme é dirigido por Gus Van Sant, que produziu uma obra didática e documental sobre o primeiro político abertamente homossexual da história dos Estados Unidos, eleito em 1977 para o quadro de Supervisor da Cidade de São Francisco.
No início do filme, uma cena chama a atenção: a paquera em uma estação do metrô entre Harvey e um jovem (Scott Smith) com jeito de hippie (descuidado na aparência). O clima leve e "caliente" aponta para a seriedade dos temas a serem abordados. Apesar de seu emprego bem remunerado, Harvey resolve mudar-se para San Francisco e seu parceiro Scott Smith (James Franco) vai junto. Lá, num bairro operário do distrito de Castro, Harvey abre uma pequena loja de revelação fotográfica. Torna-se um ativista gay, porque além de assumir publicamente sua homossexualidade, também organiza os residentes gays da vizinhança, buscando aliados em diversos grupos sociais; e, assim envereda pelos caminhos da política. Essa atitude gera protestos exagerados dos homofóbicos que viviam na época.

Ao começar um discurso, Milk se dirigia à multidão dizendo: “Meu nome é Harvey Milk e eu quero recrutá-lo!”, mas outras frases do personagem merecem ser descritas: "Todos os homens foram criados iguais", ou "Sem esperança não vale a pena viver".

O ator Sean Penn consegue a incrível façanha de dar vida ao personagem com uma intensidade emocional fascinante. No filme, o ator consegue convencer o espectador que o político gay era generoso, amigo, perseverante e apaixonado. Porém, a incansável dedicação à política afasta o personagem de seus relacionamentos, tanto com Scott, quanto com Jack Lira (Diego Luna). Sua carreira política foi curta mas, enquanto durou, foi um importante marco contra a discriminação, a favor das minorias e do direito de externar ideais através do voto, essa parcela de poder inerente a cada cidadão.

Eleito aos quarenta e sete anos, Harvey Milk marcou a história como o primeiro gay ativista que conseguiu exercer um cargo no serviço público americano. Infelizmente, ele foi assassinado (um ano depois) supostamente por Dan White, e os motivos para o crime são apenas sugeridos, motivos banais e enigmáticos. Mais que instrutivo, o filme fala de ambição, coragem e, sobretudo de um herói que se transforma em mártir, que lutou com paixão por aquilo em que acreditava e que usou as armas que tinha ao seu dispor, sendo a primeira delas a decisão de lutar por direitos iguais para os homossexuais em prol de um objetivo maior, o de mudar vidas.

A homossexualidade atualmente ainda incomoda muitas pessoas. A luta dessa classe pelo seu reconhecimento diante da sociedade é constante e seus direitos estão aos poucos se tornando uma realidade. Em 1990 a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu que a homossexualidade não é uma doença, distúrbio ou perversão, trata-se de uma orientação sexual descoberta pelo próprio indivíduo (CARVALHO, ANDRADE, MENEZES, 2009). Diante disso, o que explica o tratamento preconceituoso e desigual que pessoas homossexuais vêm recebendo na nossa sociedade?

Apesar da luta de direitos cunhada por essa classe, ainda existem países que consideram a homossexualidade um crime, a exemplo da Arábia Saudita e do Afeganistão. Nesses países os homossexuais podem ser condenados à morte.

Diante dessa triste realidade, o filme de Milk é assim, um convite para uma profunda reflexão sobre preconceitos, valores, ética e diretos iguais para todos, sobretudo para os homossexuais.

Propostas didáticas para o filme Milk - A Voz da Igualdade

Propostas didáticas para o filme


1) Assistir ao filme Milk com a turma e em seguida pedir que os alunos ilustrem por meio de desenho uma cena do vídeo que mais chamou atenção para cada um; ou desenhar qualquer outra figura que represente algo ou alguém que esteja relacionado ao filme. Logo após, socialize com a turma todos esses desenhos de forma que cada um explique o que abordou no seu desenho e por quê. Essa atividade visa levar os alunos a refletir sobre os principais temas abordados no vídeo: homossexualidade, homofobia e luta por direitos iguais.

2) Discutir com os alunos a questão apontada no filme sobre a suposta influência dos professores homossexuais em relação aos alunos, defendida pelo político Sr. Briggs. No debate com esse político Milk o pergunta:

“- Eu nasci de pais heterossexuais. Fui ensinado por professores heterossexuais. E numa sociedade intensamente heterossexual. Então por que sou homossexual?”
Refletir com os alunos essa fala de Milk, deixando claro que a homossexualidade ou qualquer outra orientação sexual não é ensinada e sim descoberta pelo próprio indivíduo.

3) Diante da ameaça de demissão de professores gays, Milk e outros ativistas conclamam todos os profissionais gays a "saírem do armário" e colocarem a sua privacidade nas ruas para reivindicar direitos plenos aos homossexuais.



3.1 Na sua concepção o que significa para os homossexuais “Sair do Armário”?


3.2 Apresentar e discutir com os alunos os direitos até então conquistados pelos homossexuais, tais como: o direito ao casamento em alguns países e o direito de concessão de benefícios pelo INSS aos casais homossexuais.


4)
A partir do conceito de homofobia apresentado no cartaz acima, que situações homofóbicas foram apresentadas no filme? A morte de Milk foi um ato de homofóbico? Você já presenciou alguma situação desse tipo em algum ambiente?

5) Encerrar a aula com o texto reflexivo abaixo.


SÓ POR AMAR DIFERENTE




Puxa, você tem nojo de ver dois homens se beijando?

Eu tenho nojo de ver gente batendo em gente
de ver gente enganando gente
de ver gente matando gente
de ver gente passando fome
disso eu tenho nojo!
Mas você pode dizer o que pensa da homossexualidade das pessoas...
É saudável falar o que pensa
(desde que não desrespeite ninguém!)
E já que você está tão aberto a discutir esse assunto - o que é louvável de sua
parte, eu te proponho que você tire um pouco o "casaco da moralidade"...

E sem idéias prontas imagine como seria se você fosse gay.
Não tenha medo.
Imagine você se descobrindo ser uma pessoa que não queria
(e lembre-se que o mundo não está preparado pra gente diferente!)

Tente se imaginar sentindo amor por outro ser humano
(que infelizmente não é o ser humano que sua mãe sonhara),
imagine a dor de ver que você vai ter ao escolher entre a sua felicidade ou a de
seus pais...

Ou então viver escondido e com medo levando uma vida frustrada.
Aí você um dia é descoberto e é humilhado, negado e escurraçado.
Você está sozinho no mundo e não entende por que tem de ser assim.

Será que amar é algo tão errado?
Será que você é tão ruim assim?
Quando você abraça seu amigo todo mundo acha fofo,
mas se você beija seu amigo você é uma aberração?

Aí começa o preconceito.
Você é alvo de piadas e fofocas...
De repente você pensa ser um ser humano inferior só por amar diferente!

Pense nisso e tente se imaginar nessa situação, cara!
Você vai ver que ninguém merece o seu "nojo"...
Vai sentir falta de dignidade e boa vontade.
Pense nisso!
Vai ser no mínimo interessante.
Fale o que pensa, mas pense antes de disseminar
apenas o que você ouviu a vida toda da boca dos outros.

Pense!


Autora: Luciana Gusmão




Vídeo acessar: http://www.youtube.com/watch?v=xmkgPFOZCNg

Referência:

CARVALHO, Maria Eulina Pessoa de; ANDRADE, Fernando Cézar Bezerra de; JUNQUEIRA, Rogério Diniz. Equidade de Gênero e Diversidade Sexual na escola: por uma prática pedagógica inclusiva. João Pessoa: Editora Universitária, 2009.


Indicação bibliográfica

BORGES, Zulmira Newlands; MEYER, Dagmar Estermann . Limites e possibilidades de uma ação educativa na redução da vulnerabilidade à violência e à homofobia.In Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v. 16, n. 58, p. 59-76, jan./mar. 2008.

HENRIQUES, Ricardo et al (orgs). Gênero e Diversidade Sexual na Escola: reconhecer diferenças e superar preconceitos. Brasília: MEC, Secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2007.

MOTT, Luiz. O jovem homossexual: noções básicas de direitos humanos para professores, professoras e para adolescentes gays, lésbicas e transgêneros. IN Revista do Mestrado em Educação, UFS, v. 7, p. 95-102, Jul./Dez. 2003.

SOUSA, Valquíria Alencar de; CARVALHO, Eulina Pessoa. Por uma educação escolar não-sexista. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2003.

sábado, 10 de outubro de 2009

Quinta Sessão de Cinema para Discussão da Temática sobre Relações de Gênero na Escola

Convidamos a todos para participarem da nossa 5ª Sessão de Cinema que será realizada dia 23/10/2009, das 17h às 20h na Sala de Reunião, localizada no Centro de Educação na UFPB.
O filme a ser exibido será "Milk - A voz da Igualdade", o mesmo servirá de subsídio para nossas discussões sobre a temática de Gênero e Diversidade Sexual na Escola.


MILK - A VOZ DA IGUALDADE



Sinopse do Filme

Drama biográfico sobre Harvey Milk, primeiro candidato gay oficialmente eleito no estado da Califórnia. A vida de Milk mudou a história, e sua coragem mudou vidas. No início dos anos 1970, era um nova-iorquino que resolveu viver em São Francisco com o namorado, abrindo a pequena loja de revelação fotográfica Castro Camera num bairro operário. Milk surpreendeu a todos ao se tornar um verdadeiro agente de mudanças. Numa época em que o preconceito e a violência contra homossexuais eram aceitos abertamente como norma, Milk buscou direitos iguais e oportunidades para todos, mergulhando de cabeça nas turbulentas águas da política.

Ficha Técnica

Título original: Milk
Origem: EUAAno: 2008
Gênero: DramaDuração: 128 min.
Classificação: 16 anos
Orçamento: US$ 15 milhões
Direção: Gus Van Sant
Roteiro: Dustin Lance Black
Produção: Bruce Cohen, Michael London, Dan Jinks, Bruna Papandrea
Elenco: Sean Penn, Emile Hirsch, Josh Brolin, Diego Luna, James Franco, Alison Pill, Victor Garber, Denis O'Hare, Joseph Cross, Stephen Spinella, Lucas Grabeel, Brandon Boyce, Howard Rosenman, Kelvin Yu, Jeff Koons...
Estréia nos cinemas: 20/02/2009
Distribuidora(s): Universal Pictures do BrasilProdutora(s): Focus Features, Axon Films, Groundswell Productions, Jinks/Cohen Company

Referências:

MILK - A VOZ DA IGUALDADE. Disponível em: <http://www.cinemaemcena.com.br/EntradaFranca/post/MILK-A-VOZ-DA-IGUALDADE.aspx>. Acesso em: 10 de outubro de 2009.

Trailer Filme Milk

Campanha contra homofobia