Projeto em Cena: Educar para uma Consciência de Gênero Inclusiva
Ana Paula dos Santos Silva
Universidade Federal da Paraíba
paulinha.ufpb@hotmail.com
Resenha do filme: Milk
Baseado na história real de Harvey Milk, o filme é dirigido por Gus Van Sant, que produziu uma obra didática e documental sobre o primeiro político abertamente homossexual da história dos Estados Unidos, eleito em 1977 para o quadro de Supervisor da Cidade de São Francisco.
No início do filme, uma cena chama a atenção: a paquera em uma estação do metrô entre Harvey e um jovem (Scott Smith) com jeito de hippie (descuidado na aparência). O clima leve e "caliente" aponta para a seriedade dos temas a serem abordados. Apesar de seu emprego bem remunerado, Harvey resolve mudar-se para San Francisco e seu parceiro Scott Smith (James Franco) vai junto. Lá, num bairro operário do distrito de Castro, Harvey abre uma pequena loja de revelação fotográfica. Torna-se um ativista gay, porque além de assumir publicamente sua homossexualidade, também organiza os residentes gays da vizinhança, buscando aliados em diversos grupos sociais; e, assim envereda pelos caminhos da política. Essa atitude gera protestos exagerados dos homofóbicos que viviam na época.
Ao começar um discurso, Milk se dirigia à multidão dizendo: “Meu nome é Harvey Milk e eu quero recrutá-lo!”, mas outras frases do personagem merecem ser descritas: "Todos os homens foram criados iguais", ou "Sem esperança não vale a pena viver".
O ator Sean Penn consegue a incrível façanha de dar vida ao personagem com uma intensidade emocional fascinante. No filme, o ator consegue convencer o espectador que o político gay era generoso, amigo, perseverante e apaixonado. Porém, a incansável dedicação à política afasta o personagem de seus relacionamentos, tanto com Scott, quanto com Jack Lira (Diego Luna). Sua carreira política foi curta mas, enquanto durou, foi um importante marco contra a discriminação, a favor das minorias e do direito de externar ideais através do voto, essa parcela de poder inerente a cada cidadão.
Eleito aos quarenta e sete anos, Harvey Milk marcou a história como o primeiro gay ativista que conseguiu exercer um cargo no serviço público americano. Infelizmente, ele foi assassinado (um ano depois) supostamente por Dan White, e os motivos para o crime são apenas sugeridos, motivos banais e enigmáticos. Mais que instrutivo, o filme fala de ambição, coragem e, sobretudo de um herói que se transforma em mártir, que lutou com paixão por aquilo em que acreditava e que usou as armas que tinha ao seu dispor, sendo a primeira delas a decisão de lutar por direitos iguais para os homossexuais em prol de um objetivo maior, o de mudar vidas.
A homossexualidade atualmente ainda incomoda muitas pessoas. A luta dessa classe pelo seu reconhecimento diante da sociedade é constante e seus direitos estão aos poucos se tornando uma realidade. Em 1990 a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu que a homossexualidade não é uma doença, distúrbio ou perversão, trata-se de uma orientação sexual descoberta pelo próprio indivíduo (CARVALHO, ANDRADE, MENEZES, 2009). Diante disso, o que explica o tratamento preconceituoso e desigual que pessoas homossexuais vêm recebendo na nossa sociedade?
Apesar da luta de direitos cunhada por essa classe, ainda existem países que consideram a homossexualidade um crime, a exemplo da Arábia Saudita e do Afeganistão. Nesses países os homossexuais podem ser condenados à morte.
Diante dessa triste realidade, o filme de Milk é assim, um convite para uma profunda reflexão sobre preconceitos, valores, ética e diretos iguais para todos, sobretudo para os homossexuais.